Tempo Litúrgico: Quaresma - Cor Roxa

Na linguagem corrente, a Quaresma abrange os dias que vão da Quarta-feira de Cinzas até ao Sábado Santo. Contudo, a liturgia propriamente quaresmal começa com o primeiro Domingo da Quaresma e termina com o sábado antes do Domingo da Paixão.

A Quaresma pode se considerar, no ano litúrgico, o tempo mais rico de ensinamentos. Lembra o retiro de Moisés, o longo jejum do profeta Elias e do Salvador. Foi instituída como preparação para o Mistério Pascal, que compreende a Paixão e Morte (Sexta-feira Santa), a Sepultura (Sábado Santo) e a Ressurreição de Jesus Cristo (Domingo e Oitava da Páscoa).

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Testemunho Franciscano

Frei Geraldo Monteiro - OFM Conv.


Eu gostaria de entender bem estes dois termos: “testemunho “ e “franciscano”.
Testemunho pode ser entendido, como se dizia tempos atrás e ainda se diz hoje como “bom exemplo”.
Vamos lá.
Testemunho como bom exemplo parte de uma vida humana que está cheia de sentido. Isto quer dizer a palavra “exemplo”, do verbo latino “implére” = estar cheio, plenificar.
O ser humano pode estar cheio de “coisas”, mas, sobretudo pode também estar cheio, plenificado por Deus criador. E o que ele descobre Nele é a bondade, é o amor. Por isso mesmo a força do seu existir, do seu viver dessa Fonte originária que se chama Deus, cuja força maior também, – se assim se pode dizer – é o Amor. Deus ama. Ama e cria. Cria e sustenta na força de seu amor. O testemunho, pois, vem da força, do empenho, do compromisso de viver este liame com o Criador. “Filho de peixe, peixinho é!”, diz-se. Filho de Deus parece com Deus, sobretudo na bondade. Daí a palavra “Bom exemplo”. Tipo de vida provado, testado (daí a palavra testemunho).
Jesus Cristo já havia lançado o desafio: “Sejam bons como o Pai de vocês é bom!”(Mt. 5, 48) no discurso das bem-aventuranças.
No contínuo movimento da nossa vida somos instados a permanecer afervoradamente na bondade, recebida e ofertada, do Pai do Céu. A força do testemunho, portanto, não vem de fora (“ex” em latim), pelo que outras pessoas vêem, mas sim da plenificação, do empenho de assemelhação da criatura com o Criador, que é perfeito, do filho para com o Pai que é bom!
A maçã vermelhinha, madura, torna-se apetitosa não tanto pelo que as pessoas vêem nela, mas pela própria saúde tirada dos ramos ligados ao trono e raízes.
No fundo do pensamento e sentir de S.Francisco está todo este jeito de encarar o “Bom exemplo”, o testemunho, como dizemos hoje.
Há um celebre fato, contado em II Celano, cap.31, em que Francisco convida frei Rufino a irem de Santa Maria dos Anjos (na periferia) a Assis (centro) para fazer uma pregação. Saem os dois silenciosos, mãos dentro das mangas do hábito e após uma boa volta pela cidade, voltam à Porciúncula sem terem dito uma palavra sequer. Pelo que frei Rufino, como qualquer um de nós – pergunta admirado e sem entender. “E a pregação?!!!” Francisco sorri.
Vivendo, pois, a plenitude do ser criatura à semelhança do Criador, como filho/a à semelhança do Pai que tem como essência e existência, a bondade, o amor, chega-se ao testemunho franciscano. Também vivendo plenamente a vida como dom do Pai, em todas as suas vicissitudes, alegres ou tristes, fáceis ou difíceis, chega-se ao “bom exemplo”, ao testemunho franciscano, Tudo isso exige o empenho de ser sempre e cada vez mais discípulo/a, missionário/a de Jesus Cristo.
Escreve S.Francisco: “Os irmãos abstenham-se de rixas e disputas convivendo com as pessoas por causa do Senhor, confessando serem cristãos, (Regra Não Bulada.10,7). O valor e a força do testemunho franciscano está no “por causa do Senhor”. O Senhor é a fonte, a raiz de todo testemunho. Viver a vida à luz do Senhor é o segredo do testemunho franciscano.

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