Assim me contaram

Como todos vocês sabem, Papai Noel mora na Lapônia, lá faz um frio terrível, até os dentes ficam tremendo, alguns dias ficam colados os cílios dos olhos de tanto frio; dos telhados das casas penduram umas estalactites de gelo. Enfim, podem imaginar que lugar tão maravilhoso, até os esquilos usam luvas, os lobos levam elegantes botas de couro e as renas levam toucas coloridas com uma bola branca na ponta, mas que vou contar que vocês não saibam!

O que eu vou contar é uma história que uma vez aconteceu, assim me contaram.

Chegando o dia de Natal, lá na Lapônia Papai Noel acordou com muita tose e febre alta.

É Gripe – dizia com os olhos cheios de lágrimas e uma tosse terrível. E muito preocupado falava com uma voz apagada... Que vai ser das crianças meu Deus! Quem vai repartir as ilusões e esperanças, tantos presentes que elas esperam?

_“Eu” – gritou uma voz fina e aguda, magrinha como um alfinete, uma sombra começou a despontar pela porta da cozinha. Papai Noel, pensou em um ratinho, pois já o tinha visto uma vez se protegendo do frio perto da chaminé do refeitório.

_“Eu” – repetiu mais uma vez aquela voz fina, era a esposa de Papai Noel... E se aproximando dele, lhe entregava um copo de leite com mel e uns bolinhos de chocolate. – disse ela: _ Eu farei seu trabalho!

Papai Noel escutou sem dizer nada, e Mamãe Noel, repetiu: _ Eu o farei!

Na verdade a Papai Noel essa ideia não lhe agradou muito; ele sempre recebia os elogios, ele recebia as cartas de milhões de crianças de todo o mundo, todo mundo falava dele, a Televisão, o Facebook, os jornais de todo o mundo...

_ Está bem – resmungou ele com voz rouca - _Está bem. Os tempos mudaram.

Então Mamãe Noel, lhe consolou dizendo:

_ Não se preocupe Papai. As crianças não vão notar nada, colocarei suas roupas, usarei umas almofadas para imitar tua barriga, e... Até uma barba postiça colocarei!

Na porta da casa, estava o trenó pronto para viajar. Soava os sininhos e as renas se mexiam ansiosas e alegres, nesse momento estava nevando e das árvores caíam os punhados de neve.

_ Não é justo – refletia Papai Noel. _ Não posso permiti-lo. Tu és tu.

Então Mamãe Noel, lhe falou:

_ Bem, bem...

_ Atchiss! Contestou Papai Noel, tá bom, terá que ser assim. Cada um do seu jeito.

Mamãe Noel começou a vestir sua própria roupa. Não colocou a barba, nem barriga, nem carregou um saco gigante para demostrar que era forte... Ela se olhou no espelho... Uh não está mal, pensou. Era velhinha, mais seu rosto transmitia muita paz e amor. Então olhando a Papai Noel se despediu.

_ É hora de ir embora.

_ Sim - falou ele - vai!

_ Logo voltarei - falou baixinho para ele, dando-lhe um carinhoso beijo no rosto. Assim foi como Mamãe Noel, distribuiu os presentes de Natal, mas... Só algumas pessoas, as que esperavam o maravilhoso acontecimento de ver aparecer algum dia a Mamãe Noel, a viram, e ficaram muito felizes. Ligaram para as agências de notícias e, no dia seguinte, as notícias só transmitiam: “Mamãe Noel distribuiu os presentes este ano”. “O novo século tem trazido a Mamãe Noel”.

Mas Mamãe Noel não pensava só na fama, embora a fazia muito feliz, senão em como estaria Papai Noel.

Quando voltaram para casa as renas e Mamãe Noel estavam muito cansadas, mas para sua surpresa encontrou a Papai Noel cantando e amassando bolinhos de chocolate na cozinha.

_ Olá meu céu! — falou ela.

_ Olá, meu amor! – respondeu ele.

Era a primeira vez que Papai Noel cozinhava, além disso, lavou a roupa, passou a roupa e arrumou toda a casa.

Pela primeira vez, os dois juntos leram os jornais, e de todas as notícias a que mais gostaram foi: “No próximo ano, as crianças do mundo inteiro, poderão escrever indistintamente a Mamãe e Papai Noel”.

Meu Deus! Conseguiram uma mudança entre todas as pessoas, as mudanças nas pessoas e na vida são assim...

Primeiro um sonho, uma possibilidade; depois, uma realidade, e quando isto acontece... Que maravilhoso ar de fraternidade respiram as pessoas, e que maravilhosa a luz que parece irradiar o mundo!

Feliz Natal Crianças!! Pe. Víctor Hernández.